quarta-feira, 10 de julho de 2013

INCÊNDIO NO CORAÇÃO SELVAGEM

Estava com preguiça e continuei horas deitado na cama, assim como morto-vivo. Depois fiquei de saco cheio e sai de carro indo parar na beira do mar. O dia era tão lindo que parecia novinho em folha. Havia um sol espetacular de um azul-céu na tonalidade literária. Naquele momento o meu pensamento me traiu. Meus olhos notaram as rugas nas mãos, as estrias no corpo, o pé de galinha tomou o espelho do retrovisor. Vi que envelhecia, vi que definhavam os dias gloriosos de imortalidade da juventude. E mais pensamentos me invadiam também naqueles momentos loucos. Uma hora dessas vão chegar assim sem jeito, e dizer que as mulheres que eu amei já se foram. Eu irei mergulhar nas lembranças e chorar pelos momentos que peguei fogo com cada uma. Momentos de incêndio da carne, essa companheira agora cansada. Eu vou lembra de fulana, de sicrana, de cada rosto que eu amei com todos os jeitos de cada amor que se pratica. Os olhos delas, olhares que não terei mais na jornada. E até hoje sei que era feliz em cada incêndio do coração selvagem. E até hoje não sei como cada uma delas se afastou...como a alegria, os sorrisos, a vida se foi...assim.
 
 
Texto de GUTO GRANA

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